É sempre delicado tocar neste nome. Muitas lembranças e sentimentos vêm à tona quando me recordo de Miguel. Eu acabara de ser designado para rezar uma missa em um pequeno lugarejo perto de Roma, o lugar costumava celebrar uma missa e chamar um convidado do vaticano para celebrá-la durante o solstício, achavam que só porque um representante vivia na “cidade sagrada”, ele teria mais poder. Realizei a missa com eficiência e precisão, afinal, tudo era muito automático, eles não entendiam o que eu dizia, eu não me importava com o que pediam e era sempre manter o rosto com uma expressão pacífica que sempre me diziam que minha “aura” de santidade passava paz a todos, eu já estava enojado desta vida. Nesta mesma noite fui para uma estalagem e em um canto escuro do local comecei a beber. Ninguém foi capaz de me reconhecer sem a batina e o grande anel, afinal, quem precisava memorizar a face de um homem de Deus? Um homem ali que vinha em minha direção precisou, ele me pediu licença para se sentar e perguntou se o “reverendíssimo padre” poderia lhe dar um pouco de atenção e responder algumas de suas dúvidas. O homem me parecia diferente e não estava desesperado, o que me garantiu que não fosse ninguém querendo conselhos “divinos” de como viver a própria vida. O homem começou com perguntas simples de cunho teológico e social, depois ministrou algumas opiniões e as pediu para mim, em seguida me fez uma única pergunta, a pergunta que garantiria uma longa noite de debate teológico e filosófico com ele. Não pretendo retratar a pergunta aqui, isto é algo que quero que morra comigo, afinal, nunca fui capaz de responder a pergunta que ele me fizera e ainda, não sou. Quando já estava próximo do amanhecer e éramos os dois únicos bêbados da estalagem, ele se retirou pagando toda a conta e dizendo que gostaria de me encontrar de novo para mais conversas como aquela. Eu estava abismado de ter encontrado um homem tão sábio, letrado e astuto, eu queria o ver de novo, mas minhas obrigações com Deus me mandaram de volta para o Vaticano. A viagem não era longa, mas só pudemos começar nossa jornada depois que me recuperei do porre da estalagem. A certa altura da viagem já havia anoitecido e nós fomos interceptados por alguns homens, a primeira vista eram ladrões, porém depois de facilmente me nocautearem, me levaram para um grande casarão. Este ficava visivelmente em Roma, e lá estava ele, o homem com quem conversara na estalagem, logo pensei que ele seria algum tipo de herege que resolveu rogar contra mim toda a sua raiva do senhor. Ele se aproximou e disse que seu nome era Miguel, que na noite anterior eu teria falhado em um teste, porém ele tinha uma proposta a me fazer, e se eu recusasse, eu nem lembraria de tê-lo visto alguma vez na vida e estaria deitado em minha cama dentro do vaticano uma hora dessas amanha. Eu escutei atentamente o que ele tinha a me dizer, seus olhos eram gélidos, sua expressão não me passava nenhuma simples sensação, nem medo, nem nada. No final, eu aceitei sua proposta e fui transformado em um ser amaldiçoado, um cainita. Miguel me deu seu sobrenome, me tornou uma pessoa mais culta do que nunca fui, me tornou forte, ágil, astuto. Tudo foi presente dele, e no fim, quando queria desfrutar esses dons e tentar recompensá-lo de alguma forma, eu falhei. Eu matei Miguel, fui descuidado, tolo, inculto, tudo isso em um mesmo ser, tudo isso porque não escutei Alexis. Aminda era o nome dela... Porém com pesar, acho que devo dedicar uma parte de meu diário a essas dolorosas lembranças. Por fim, sinto falta de Miguel, de seus ensinamentos, de suas palavras, de sua presença. Um dia descobrirei uma forma de trazê-lo da morte final sem que ele deva lealdade a um demônio ou monstro parecido, mas até lá, permanecerás em minhas lembranças eternamente.
Isso que é prole dedicada hein? auahuahuahauhauha brincadeira.
ResponderExcluirTipo, próximo post da série vai falar sobre a Ravnos, Aminda!
Espero que estejam gostando!
Ta muito foda Brunão!
ResponderExcluirAcho que demos um passo na direção da evolução de nossos jogos. Pode parecer besteira mas um jogador, homem, com um senhor, homem e interpretando uma devoção quase divina é bem raro e no caso do Itallus ficou perfeito.
E vamo em frente!
HUAUHAHAUAH
ResponderExcluirmuito bom! Miguel rulez!