Eu já havia perdido a conta de quantos anos eu havia dormido quando acordei repentinamente, como quando se acorda de um pesadelo, demorei alguns instantes para entender o que aquele sobressalto me dizia e, infelizmente, foram instantes curtos, minha visão se escureceu e algo raro aconteceu, minha besta me tomou.
Após algum tempo que eu não saberia definir, meus sentidos recobraram e então eu tive consciência de que a criatura mais bela e amada da minha vida havia morrido, Sonja, minha pequena prole, havia sido morta. Minhas investigações chegaram a apenas um ponto, uma voz chamando-a por um sobrenome que não a pertencia: Melchiorre.
Depois disso, passei quinhentos anos atrás do assassino de minha amada, estudei quem seriam esses Melchiorre, voltei às minhas terras na Itália, investiguei, interroguei, subornei e achei pouca coisa, toda a família já estava morta ou há muito inativa, mas não parei de investigar, fui mais longe, busquei na história das famílias os registros dos Melchiorre e cheguei ao clã Brujah, tão antigo, como eu, todos idealistas.
Tantos anos sem resposta, resolvi me mudar, peguei minha fortuna e fui para a Inglaterra, minhas lembranças não me permitiam permanecer na Rússia, eu estava enlouquecendo. As coisas já não tinham sentido, a carne não tinha o menor valor, nenhuma outra mulher me fez sentir o mesmo e o sangue... era horrível...
Uma bela noite em que eu estava à mesa saboreando um vinho, minha carniçal me trouxe o jornal e lá estava, a manchete em letras garrafais: “Inaugurada a maior torre de comunicações que o mundo já viu, a Clock Tower abre suas portas para o mundo.” E seguia logo embaixo: “Empresário Itallus Melchiorre promete inovar no ramo das comunicações.”
Melchiorre... quero saber quem poderia odiá-los tanto para confundir um nome assim... Sonja Meffiori, minha amada, morreu no lugar de outro e eu quero descobrir quem a matou... A cidade da beleza que me aguarde, logo eu vou colocar o ponto final nessa história.